quarta-feira, 30 de março de 2011

Reflexões sobre o papel do educador

Educar

“O amanhã é uma possibilidade que precisamos de trabalhar
e por que, sobretudo, temos de lutar para construir”.

Paulo Freire

Nós estudantes do curso de Letras entramos na faculdade com ideologias e algumas crenças, embora entramos conscientes da situação em que se encontra a educação e acreditando que podemos revolucioná-la, mas quando nos deparamos pela primeira vez com uma turma do sistema de ensino público, por exemplo, ficamos perplexos com tamanho descaso e nos sentimos “pequenos”, incapazes.

              Vi muitos dos meus colegas desistirem ao chegar nesse momento, nesse primeiro contato, na primeira vez em que assumiram uma sala de aula. Outros ainda insistiram e tentaram “empurrar com a barriga”, mas não suportaram também por muito tempo, pois estavam sem realmente compreender o sentido dessa atividade. A importância de qualidades como a paciência, a necessidade de apurar continuamente os conhecimentos e estar ligado às novidades científicas e tecnológicas; as habilidades e competências; e o mais importante de todos: o amor são aspectos fundamentais. Como nos mostra Tardif (2002) ao citar algumas habilidades e atitudes dos docentes:
  


(...)gostar de trabalhar com jovens e crianças, ser capaz de seduzir a turma, dar provas de imaginação, partir da experiência dos alunos, ter uma personalidade atraente, desempenhar o seu papel de forma profissional sem deixar de ser autêntico, ser capaz de questionar a si mesmo.
                                                   
Segundo o professor Paulo Freire, educar é “criar situações para a produção do conhecimento e que, como experiência especificamente humana é uma forma de intervenção no mundo”, por isso, se “a educação não transforma a sociedade, sem ela tampouco a sociedade muda”. Portanto, para que isso ocorra é necessário sermos professores que promovam atividades criativas e variadas para que a aprendizagem seja, de fato, satisfatória.

           Precisamos ter coragem para inovar e o mais importante, estarmos disponíveis para a educação, porque não adianta sermos apenas mais um, nesse “barco” chamado Brasil, mas devemos buscar o diferencial, começando a partir de nós mesmos, apurando nossos conhecimentos e crescendo cada vez mais, lendo cada vez mais, porque “um país se faz com homens e livros” como acreditava Monteiro Lobato.


             Desse modo, ao colocarmos em prática, projetos como o Ateliê Oficina de Leitura e Escrita, podemos estimular o gosto pela leitura e escrita e instigar o desejo e a vontade de aprender dos nossos alunos, gerando assim autonomia e o compromisso social dos mesmos. Se procurarmos o sentido etimológico da palavra educar, veremos que se origina do latim ec-ducere que significa eduzir, no alemão significa puxar, e é realmente isso que acontece. Educar é instruir, trazer para fora; remover da pessoa algo que a modifique, promovendo o desenvolvimento da capacidade intelectual, moral e física. Algo que eu espero estar em atividade para sempre, pois como afirma Freire (2000), “onde quer que haja mulheres e homens há sempre o que fazer, há sempre o que ensinar, há sempre o que aprender”.
Para você refletir:

Recomeçar
Carlos Drummond de Andrade

Não importa onde você parou...
Em que momento da vida cansou...
O que importa é que sempre é possível e necessário
“RECOMEÇAR”.
Recomeçar é dar uma nova oportunidade a si mesmo...
É renovar as esperanças na vida e o mais importante...
Acreditar em você de novo.
Sofreu muito nesse período?
Foi aprendizado...
Chorou muito?
Foi limpeza de alma...
Acreditou que tudo estava perdido?
Era o início da tua melhora...
Pois é...agora é hora de reiniciar...de pensar na luz...
Em novas descobertas. Que tal voltar a estudar e pensar
Naquele projeto que você tinha há anos atrás...
De aprender a pintar, desenhar, dominar o computador...Ou
qualquer outra coisa.
Olha quanto desafio...quanta coisa nova nesse mundão de
meu Deus. Te esperando...
Hoje é um tempo para começar novos desafios.
Onde você quer chegar?
Vá alto...Sonhe alto...queira o melhor...queira coisas boas
para a vida.
Pensando assim trazemos aquilo que desejamos...
Se pensarmos pequeno...coisas pequenas teremos.
Já se desejarmos fortemente o melhor e principalmente
lutarmos pelo melhor...
O melhor vai se instalar na nossa vida.
Por isso somos sempre capazes de irmos além, muito mais além.
Depende de cada um de nós...

terça-feira, 29 de março de 2011

Apreciação e desempenho do Ateliê e dos alunos por eles mesmos

Dinâmica de encerramento

            No último dia do Ateliê, 2 de dezembro de 2010, fizemos um Café Literário para nos despedirmos do curso, no qual comemos várias guloseimas. Nele promovi uma dinâmica em grupo a fim de fazer os alunos refletirem sobre o andamento da Oficina. Durante a execução da brincadeira, eles puderam elogiar, criticar e fazer sugestões. 

            Cada aluno recebeu 15 cartões para que a partir das frases iniciadas, previamente anexadas ao quadro, pudessem completar as que quisessem. Após analisarem todas as frases no quadro, eles preencheram os cartões. Em seguida, um a um os colou no quadro, embaixo da frase correspondente, lendo suas respostas, compartilhando assim suas opiniões com os colegas.

            Nesse dia, infelizmente não puderam estar presentes todos os participantes devido a alguns já estarem viajando, mas os que estiveram, participaram e tornaram a dinâmica muito divertida. Até mesmo eu, como monitora, participei da brincadeira.
            Para ilustrar o que eles responderam vejamos os quadros a seguir:

“Não há educação fora das sociedades humanas
e não há homem no vazio.”
Paulo Freire
  




ALUNO (A):
FRASES:

Um momento especial:
Desse dia eu não gostei:
Estava triste nesse dia:
Essa história eu adorei!
Ri muito naquele dia...
Andréa
A apresentação dos trabalhos na Mostra de Projetos.


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No dia da produção de texto sobre Direitos Humanos.


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em que Jairo demorou para responder as questões.
Geovane
Quando ganhei um livro.

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Édipo Rei.

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Leandro
O primeiro dia de aula.

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No dia que assistimos ao filme “O Piano”.

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Roseni


Apresentação dos textos na Mostra de Projetos.


Quando não consegui produzir a resenha.


No dia que debatemos diversas frases.


O filme “O Piano”.
quando Patrícia se equivocou com relação a data do Café Literário e trouxe um bolo.
Ruana
A Mostra de Projetos por ter podido mostrar o quanto o Ateliê deu certo.


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O filme “O Piano”.
em que todos acabavam de responder as perguntas e Jairo sempre ficava por último.
                                      


ALUNO (A):
FRASES:

Uma curiosidade interessante:
Gostei de escrever esse texto:
Fiquei com medo de...
Uma palavra bonita!
Foi difícil, mas aprendi!
Andréa

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A resenha.
não conseguir concluir as tarefas no tempo dado.

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Fazer uma resenha acadêmica crítica.
Geovane
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Direitos Humanos.
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VIDA
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Leandro


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Poema biográfico.
não conseguir chegar a tempo nas aulas por causa do trânsito.


AMIZADE

Colocar para fora tudo o que sinto através das palavras.
Roseni

Me inspiro na tristeza e escrevo bastante.


Poema biográfico.
não conseguir produzir e expor minhas idéias em público.


CONHECIMENTO

Observar uma imagem e entender o que ela quer transmitir.
Ruana
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Intertextualidade.
apresentar na Mostra.
VIDA
Ler mais.

                                                   




ALUNO (A):
FRASES:

Uma música que ouvi:
Não gostei daquela história!
Nunca mais vou esquecer...
Um amigo (a) especial!
Gostaria de sugerir...
Andréa
“Paciência” de Lenine
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a diferença entre poema e poesia.
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Geovane
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“O Piano” o fime.
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Leandro


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Édipo Rei.

que com esse curso, aprendi a me expor melhor.


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que a UNIJORGE coloque cursos assim como o Ateliê aos sábados.
Roseni


“Paciência” de Lenine


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da experiência que obtive no curso.


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que a monitora continue com a Oficina, pois foi muito bom.
Ruana
“Ouro de tolo” de Raul Seixas


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de todos os momentos do Ateliê.


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mais tempo para o Ateliê, que possa começar sempre no início do semestre.

segunda-feira, 21 de março de 2011

Apresentação dos trabalhos do Ateliê na Mostra de Projetos da UNIJORGE

                                              A IMPORTÂNCIA DE SE MOSTRAR

             No dia 1º de dezembro de 2010, houve a 8ª Mostra de Projetos do Centro Universitário Jorge Amado, no qual levei a turma do Ateliê Oficina de Leitura e Escrita para apresentarem os trabalhos produzidos durante a Oficina.
          Selecionei os trabalhos que mais se destacaram, mas com a preocupação de que todos os alunos participassem. A professora coordenadora do NOLE foi a mediadora nesta sala.

                 

          Estiveram presentes alunos matriculados em vários cursos da Instituição. Alguns professores também fizeram parte do público ouvinte, como as professoras Eliete Santana, Acácia Monteiro, o professor Marcelo e o professor coordenador do curso de Letras, Francisco Mota. 

      

             Geovane Casaes, acadêmico do curso de Design Gráfico, apresentou o texto que produziu a partir da análise de algumas TIRINHAS que abordavam um assunto em comum, Direitos Humanos, no qual intitulou “Desigualdade Humana”.
           


            Em seguida, Nibsa de Assis, estudante do mesmo curso, apresentou um texto produzido primeiramente a partir de uma palavra: VIDA. Essa produção de texto teve uma reescrita a partir da análise das músicas “Paciência” de Lenine, “Ouro de Tolo” de Raul Seixas e após um debate com questões levantadas a partir do livro “Íris – Um olhar sobre a vida” do escritor e educador Alan Cordeiro. Um texto muito criativo, repleto de indagações reflexivas e bem musical.

          
       Após a apresentação desses dois textos, foi a vez de Andréa Rios, acadêmica do curso de Psicologia fazer a leitura da sua RESENHA. Esse foi o maior trabalho produzido durante o Ateliê. O que mais levou tempo, tanto por conta da utilização de diversos recursos, como para a produção em si, quanto às reescritas. Pois, as correções deviam ser feitas com atenção, pois como afirma Mendes (2007, p.18):

As correções dos textos produzidos devem refletir a experiência que pretende ser libertadora, que busca devolver aos alunos a sua palavra, para devolver-lhes a sua expressão. Ela não pode ser punitiva, centrada na quantidade de ‘erros e acertos’, ou voltada para um sistema que recompensa aquele que, na visão do professor, saiu-se melhor. Nesse momento, o importante não é o que o aluno fez de bom ou de ruim, mas o quanto ele cresceu a partir do ponto em que iniciou sua trajetória.

                 
            Primeiro assistimos ao filme áustralo-franco-neozelandês de 1993 “O Piano”, do gênero drama , escrito e dirigido pela neozelandesa Jane Campion. O filme é considerado um dos expoentes do cinema da década de 1990 e retrata a sofrida trajetória de Ada McGrath, uma mulher que não fala desde os seis anos de idade e se muda para a Nova Zelândia recém-colonizada. Em companhia da filha, ela conhece seu futuro marido, com o qual não simpatiza. Para piorar a situação, o noivo, Alisdair Stewart, recusa-se a transportar o piano de Ada, que é sua maior paixão. Porém, o administrador George Baines, imediatamente interessado na mulher, adquire o instrumento e promete devolvê-lo caso ela lhe ensinasse a tocá-lo. Com o tempo, as tais aulas de piano vão se tornando encontros sexuais e os dois acabam descobrindo o verdadeiro amor.

            Depois, fizemos a leitura individual e silenciosa, e em voz alta e em grupo do texto “Édipo e a Paixão” de Hélio Pellegrino, no qual se inicia com a tragédia de Sófocles “Édipo Rei”. O autor faz a partir daí uma crítica ao “complexo de Édipo” freudiano e ao conceito lacaniano de “castração simbólica”, bem como o de “pertinência cósmica”.

            Promovi debates em grupo sobre os temas em comum presente no texto e no filme, como: nascimento/ morte / renascimento; real/ irreal; princípio de prazer/ princípio de realidade; fantasia/ fusão/ aplasmação/ completude; castração simbólica; ‘lei boa’/ ‘lei ruim’, e linguagem verbal e não verbal.
Após os debates eles também fizeram atividades individuais. E por fim, eu os apresentei ao gênero RESENHA, mostrando o que era, quais os tipos que existem e quais os passos para a produção de uma resenha acadêmica crítica completa. Nem todos concluíram essa atividade, mas a de Andréa Rios é prova de que o exercício da reescrita é o ponto de partida para alcançarmos um resultado satisfatório. 

            Outro trabalho a ter sido apresentado foi uma produção feita por INTERTEXTUALIDADE com relação ao ACORDO ORTOGRÁFICO. Primeiro mostrei aos alunos as mudanças ocorridas com a ajuda de um resumo com explicações e exemplos feitos pelo professor Sérgio Nogueira, depois eles fizeram a leitura em voz alta de tirinhas que abordavam o mesmo tema de forma humorística. Em seguida, discutimos sobre intertextualidade e observamos tais características a partir da análise dos poemas “Canção do Exílio” de Gonçalves Dias (Séc. XIX) e “Canção do Exílio” de Murilo Mendes (Séc. XX). Mostrei a eles que ela também está presente em outros tipos de arte, como na pintura. 

               Após todo esse conteúdo, entreguei a eles um texto bem criativo sobre as mudanças ortográficas e pedi para que, em cima das características daquele texto fizessem outro, com a diferença de abordarem fatos que marcaram recentemente nossa sociedade baiana. Como os textos foram bem divertidos e criativos, selecionei quatro para que fossem apresentados.


               Os de Geovane Casaes e Jairo Pinto, relacionados aos dois maiores times da Bahia: Bahia e Vitória; o de Leandro Leite, relacionado aos costumes de nós baianos, como curtir um churrasco com os amigos; e o de Ruana Evangelista, com gírias baianas e assuntos políticos.

             Por fim, houve a apresentação dos poemas biográficos, que também contou com o estudo e análise de um material preparado sobre Literatura. Pra mim, além de ter sido o trabalho mais curioso, foi também o que mais me surpreendeu. Fiquei realmente perplexa com o resultado, pois os que concluíram, realmente fizeram mergulhados em poesia. 

            Antes mesmo de entregar aos alunos a apostila preparada, fiz uma sondagem a partir dos conhecimentos prévios deles. Procurei compreender o que sabiam sobre LITERATURA, para quê achavam que servia; sobre o POETA; se entendiam a diferença entre POEMA e POESIA; se já tinham ouvido falar sobre IMAGEM POÉTICA e se liam poemas. As respostas foram as mais variadas possíveis, mas nenhum deles mostrou intimidade com esses assuntos, nem mesmo a estudante do curso de Letras Vernáculas, que embora tendo lidado com esse “mundo”, parecia insegura para expor seus pensamentos para uma turma de colegas tão diferentes. 

            Somente levei esses assuntos para sala de aula, após ter confirmado o interesse deles pelo mesmo. Lemos todas as informações contidas na apostila em conjunto, todos participaram da leitura, um por vez. 

            Tentei explicar da forma mais simples possível e quando eu menos esperei, lá estavam eles, dando suas opiniões e fazendo mil e uma perguntas. Analisamos juntos vários poemas. Primeiro, quatro poemas que estavam ligados aos assuntos trabalhados na Resenha, depois passamos para os biográficos. 

            
        Após essas análises, pedi para que a partir das histórias de vida deles, características físicas e psicológicas, fizessem um poema biográfico. Confesso que não esperava o resultado que teve. Fiquei muito orgulhosa porque através de um gênero tão diferente e desconhecido por eles, conseguiram expressar idéias e sentimentos. Leram a sim mesmos e se sentiram satisfeitos. 

          Acredito que é de extrema importância a monitora envolver seus alunos em atividades como essa, seja em Mostra de Projetos ou outros Congressos que aconteçam na Instituição, no qual eles possam apresentar seus trabalhos e avanços, e com isso, provarem o quão válido é o Ateliê, pois como vimos, através desse exercício, superam o medo de falar e expor suas idéias em público.
         
             A partir das atividades feitas em sala de aula, eles não pararam de produzir, e após o encerramento do Ateliê, ainda continuo recebendo suas produções. Diante desse fato, tive a idéia de “mostrar ao mundo” o trabalho do Ateliê e desses “meninos e meninas” iguais e ao mesmo tempo tão diferentes uns dos outros, através da criação deste BLOG. Nele você encontrará alguns dos meus textos, trabalhos e os dos alunos, assim como fotos. A cada nova turma, uma novidade. Espero que curtam!

“A palavra é o meu domínio sobre o mundo.” 
Clarice Lispector