segunda-feira, 21 de março de 2011

Apresentação dos trabalhos do Ateliê na Mostra de Projetos da UNIJORGE

                                              A IMPORTÂNCIA DE SE MOSTRAR

             No dia 1º de dezembro de 2010, houve a 8ª Mostra de Projetos do Centro Universitário Jorge Amado, no qual levei a turma do Ateliê Oficina de Leitura e Escrita para apresentarem os trabalhos produzidos durante a Oficina.
          Selecionei os trabalhos que mais se destacaram, mas com a preocupação de que todos os alunos participassem. A professora coordenadora do NOLE foi a mediadora nesta sala.

                 

          Estiveram presentes alunos matriculados em vários cursos da Instituição. Alguns professores também fizeram parte do público ouvinte, como as professoras Eliete Santana, Acácia Monteiro, o professor Marcelo e o professor coordenador do curso de Letras, Francisco Mota. 

      

             Geovane Casaes, acadêmico do curso de Design Gráfico, apresentou o texto que produziu a partir da análise de algumas TIRINHAS que abordavam um assunto em comum, Direitos Humanos, no qual intitulou “Desigualdade Humana”.
           


            Em seguida, Nibsa de Assis, estudante do mesmo curso, apresentou um texto produzido primeiramente a partir de uma palavra: VIDA. Essa produção de texto teve uma reescrita a partir da análise das músicas “Paciência” de Lenine, “Ouro de Tolo” de Raul Seixas e após um debate com questões levantadas a partir do livro “Íris – Um olhar sobre a vida” do escritor e educador Alan Cordeiro. Um texto muito criativo, repleto de indagações reflexivas e bem musical.

          
       Após a apresentação desses dois textos, foi a vez de Andréa Rios, acadêmica do curso de Psicologia fazer a leitura da sua RESENHA. Esse foi o maior trabalho produzido durante o Ateliê. O que mais levou tempo, tanto por conta da utilização de diversos recursos, como para a produção em si, quanto às reescritas. Pois, as correções deviam ser feitas com atenção, pois como afirma Mendes (2007, p.18):

As correções dos textos produzidos devem refletir a experiência que pretende ser libertadora, que busca devolver aos alunos a sua palavra, para devolver-lhes a sua expressão. Ela não pode ser punitiva, centrada na quantidade de ‘erros e acertos’, ou voltada para um sistema que recompensa aquele que, na visão do professor, saiu-se melhor. Nesse momento, o importante não é o que o aluno fez de bom ou de ruim, mas o quanto ele cresceu a partir do ponto em que iniciou sua trajetória.

                 
            Primeiro assistimos ao filme áustralo-franco-neozelandês de 1993 “O Piano”, do gênero drama , escrito e dirigido pela neozelandesa Jane Campion. O filme é considerado um dos expoentes do cinema da década de 1990 e retrata a sofrida trajetória de Ada McGrath, uma mulher que não fala desde os seis anos de idade e se muda para a Nova Zelândia recém-colonizada. Em companhia da filha, ela conhece seu futuro marido, com o qual não simpatiza. Para piorar a situação, o noivo, Alisdair Stewart, recusa-se a transportar o piano de Ada, que é sua maior paixão. Porém, o administrador George Baines, imediatamente interessado na mulher, adquire o instrumento e promete devolvê-lo caso ela lhe ensinasse a tocá-lo. Com o tempo, as tais aulas de piano vão se tornando encontros sexuais e os dois acabam descobrindo o verdadeiro amor.

            Depois, fizemos a leitura individual e silenciosa, e em voz alta e em grupo do texto “Édipo e a Paixão” de Hélio Pellegrino, no qual se inicia com a tragédia de Sófocles “Édipo Rei”. O autor faz a partir daí uma crítica ao “complexo de Édipo” freudiano e ao conceito lacaniano de “castração simbólica”, bem como o de “pertinência cósmica”.

            Promovi debates em grupo sobre os temas em comum presente no texto e no filme, como: nascimento/ morte / renascimento; real/ irreal; princípio de prazer/ princípio de realidade; fantasia/ fusão/ aplasmação/ completude; castração simbólica; ‘lei boa’/ ‘lei ruim’, e linguagem verbal e não verbal.
Após os debates eles também fizeram atividades individuais. E por fim, eu os apresentei ao gênero RESENHA, mostrando o que era, quais os tipos que existem e quais os passos para a produção de uma resenha acadêmica crítica completa. Nem todos concluíram essa atividade, mas a de Andréa Rios é prova de que o exercício da reescrita é o ponto de partida para alcançarmos um resultado satisfatório. 

            Outro trabalho a ter sido apresentado foi uma produção feita por INTERTEXTUALIDADE com relação ao ACORDO ORTOGRÁFICO. Primeiro mostrei aos alunos as mudanças ocorridas com a ajuda de um resumo com explicações e exemplos feitos pelo professor Sérgio Nogueira, depois eles fizeram a leitura em voz alta de tirinhas que abordavam o mesmo tema de forma humorística. Em seguida, discutimos sobre intertextualidade e observamos tais características a partir da análise dos poemas “Canção do Exílio” de Gonçalves Dias (Séc. XIX) e “Canção do Exílio” de Murilo Mendes (Séc. XX). Mostrei a eles que ela também está presente em outros tipos de arte, como na pintura. 

               Após todo esse conteúdo, entreguei a eles um texto bem criativo sobre as mudanças ortográficas e pedi para que, em cima das características daquele texto fizessem outro, com a diferença de abordarem fatos que marcaram recentemente nossa sociedade baiana. Como os textos foram bem divertidos e criativos, selecionei quatro para que fossem apresentados.


               Os de Geovane Casaes e Jairo Pinto, relacionados aos dois maiores times da Bahia: Bahia e Vitória; o de Leandro Leite, relacionado aos costumes de nós baianos, como curtir um churrasco com os amigos; e o de Ruana Evangelista, com gírias baianas e assuntos políticos.

             Por fim, houve a apresentação dos poemas biográficos, que também contou com o estudo e análise de um material preparado sobre Literatura. Pra mim, além de ter sido o trabalho mais curioso, foi também o que mais me surpreendeu. Fiquei realmente perplexa com o resultado, pois os que concluíram, realmente fizeram mergulhados em poesia. 

            Antes mesmo de entregar aos alunos a apostila preparada, fiz uma sondagem a partir dos conhecimentos prévios deles. Procurei compreender o que sabiam sobre LITERATURA, para quê achavam que servia; sobre o POETA; se entendiam a diferença entre POEMA e POESIA; se já tinham ouvido falar sobre IMAGEM POÉTICA e se liam poemas. As respostas foram as mais variadas possíveis, mas nenhum deles mostrou intimidade com esses assuntos, nem mesmo a estudante do curso de Letras Vernáculas, que embora tendo lidado com esse “mundo”, parecia insegura para expor seus pensamentos para uma turma de colegas tão diferentes. 

            Somente levei esses assuntos para sala de aula, após ter confirmado o interesse deles pelo mesmo. Lemos todas as informações contidas na apostila em conjunto, todos participaram da leitura, um por vez. 

            Tentei explicar da forma mais simples possível e quando eu menos esperei, lá estavam eles, dando suas opiniões e fazendo mil e uma perguntas. Analisamos juntos vários poemas. Primeiro, quatro poemas que estavam ligados aos assuntos trabalhados na Resenha, depois passamos para os biográficos. 

            
        Após essas análises, pedi para que a partir das histórias de vida deles, características físicas e psicológicas, fizessem um poema biográfico. Confesso que não esperava o resultado que teve. Fiquei muito orgulhosa porque através de um gênero tão diferente e desconhecido por eles, conseguiram expressar idéias e sentimentos. Leram a sim mesmos e se sentiram satisfeitos. 

          Acredito que é de extrema importância a monitora envolver seus alunos em atividades como essa, seja em Mostra de Projetos ou outros Congressos que aconteçam na Instituição, no qual eles possam apresentar seus trabalhos e avanços, e com isso, provarem o quão válido é o Ateliê, pois como vimos, através desse exercício, superam o medo de falar e expor suas idéias em público.
         
             A partir das atividades feitas em sala de aula, eles não pararam de produzir, e após o encerramento do Ateliê, ainda continuo recebendo suas produções. Diante desse fato, tive a idéia de “mostrar ao mundo” o trabalho do Ateliê e desses “meninos e meninas” iguais e ao mesmo tempo tão diferentes uns dos outros, através da criação deste BLOG. Nele você encontrará alguns dos meus textos, trabalhos e os dos alunos, assim como fotos. A cada nova turma, uma novidade. Espero que curtam!

“A palavra é o meu domínio sobre o mundo.” 
Clarice Lispector


Um comentário:

  1. Sou docente da UNIJORGE, do curso de Fonoaudiologia e amo a MOstra!

    Aproveito a visita para divulgar o blog www.mastigandoemsalvador.blogspot.com
    Um espaço onde você curte resenhas sobre aventuras gastronOmicas e pode concorrer a prêmios exclusivos para os soteropolitanos! abçs

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